Negros - origem e
vinda para o Brasil
Estudos
antropológicos revelam que a origem da humanidade se dá na África,
portanto, a história do negro brasileiro não deve ter início com o
tráfico de escravos. É uma história bem mais antiga.
Conhecer como era a
vida em seu continente de origem é fundamental para entender como
foi possível que milhões de homens, mulheres e crianças fossem
aprisionados e trazidos nos porões de navios destinados aos nossos
portos. Por isso, para compreendermos a trajetória dos negros
brasileiros é preciso saber de onde vieram e como viviam.
Quando, os europeus
desembarcaram no litoral africano eles se deparam com modos de vida
bem diferenciado dos seus. Entre os africanos a organização social
e econômica girava em torno de vínculos de parentesco em grandes
famílias, da coabitação de vários povos num mesmo território, da
dominação de um povo por outro. A vinculação por parentesco a um
grupo era uma das mais recorrentes formas de se definir a identidade
de alguém. A posição social das pessoas era dada pelo seu grau de
parentesco em relação ao patriarca ou à matriarca da linhagem
familiar. Nessas sociedades a coesão dependia, em grande parte, da
preservação da memória dos antepassados, da reverência e
privilégios reservados aos mais velhos e da partilha da mesma fé
religiosa com um culto geralmente voltado a seus ancestrais.
No continente
africano havia povos poderosos como os Malis, outros bem consolidados
como os Kongos, mas também pequenas aldeias agrupadas por laços de
descendência ou linhagem. Ainda havia os grupos nômades,
agricultores ou pastores que se deslocavam dependendo sempre das
condições climáticas que os obrigavam a procurar outros lugares. O
território africano era muito grande em comparação a ocupação
populacional. Entretanto, na tentativa de expandir seus reinos e
garantir a sobrevivencia de seus povos, ocorriam muitas disputas
pelos acessos aos rios e ao controle sobre estradas ou rotas, com
isso podiam surgir conflitos e guerras
Na África, a
escravidão era somente um domínio de um povo sobre o outro. Havia
muitos confrontos e neles era muito comum que os vitoriosos fizessem
alguns escravos dentre os membros de uma tribo vencida. Era a chamada
escravidão doméstica, com principal objetivo de aprisionar para
utilizar sua força de trabalho, em geral, na agricultura de pequena
escala familiar. esse tipo de escravidão servia para aumentar o
número de pessoas a serem empregadas no sustento de uma família ou
da tribo. A terra de nada valia sem que se tivesse gente empregada no
cultivo de alimentos. Os escravos eram poucos por unidade familiar,
mas a posse deles assegurava poder e prestígio para seus senhores,
já que representavam a capacidade de auto-sustentação da linhagem,
nesse tipo de cativeiro se preferia mulheres e crianças. Sendo assim
muito comum as escravas se tornavam esposas de seus senhores com a
finalidade de reproduzirem, assim aumentanvam o número de membros da
tribo. Era gradativa a incorporação dos escravos na família: os
filhos de cativos, quando nascidos na casa do senhor, não podiam ser
negociados e seus descendentes iam, de geração em geração,
perdendo a condição de escravo, se aproximando à linhagem. Assim o
grupo podia crescer, fortalecendo as relações de parentesco. Já a
preferencia pelas crianças, é explicada por elas assimilarem com
facilidade as regras impostas e, por criar vínculos com a família
do seu senhor.
Com a ocupação dos
árabes no Egito e parte do norte da África, entre os séculos VII e
VIII, os raptos e os ataques a aldeias se tornaram mais freqüentes e
o tráfico de escravos tomou grandes proporções. Logo, a escravidão
doméstica, de pequena escala, passou a conviver com o comércio mais
intenso de escravos. Os árabes usavam o tráfico de escravos como
empreendimento comercial de grande escala na África. Não eram mais
alguns poucos cativos, eram capturadas centenas de pessoas a serem
trocadas e vendidas, negociadas tanto ao norte da África quanto na
própria Arábia e, posteriormente para as Américas, incluindo o
Brasil.
Trazidos em
condições subumanas os primeiros negros a desembarcar em terras
brasileiras foram os bacongos, tendo influenciado em nosso modo de
falar, introduzindo em nosso vocabulário muitas palavras usadas
atualmente como: camundongo, cafuné, bunda, mochila, que são de
origem ki congo, inclusive ritmos como o samba e o maculelê. tempos
depois vieram os yorubás, temperando nossa culinária e com mais
ritmos frenéticos. O yorubanos foram os mais pesquisados e, os que
mais preservaram sua cultura. Porém não foram os únicos, muitos
outros grupos étnicos africanos contribuíram para a formação de
nosso povo.
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